1) Uma discussão sobre questões acessíveis ao homem deve durar anos e anos? O que acontece no caso da discussão sobre a liberdade e a necessidade e por quais motivos?
2) Como Hume apresenta a ideia de causa-efeito na matéria?
3) Sempre, em todos os tempos em que existiram macieiras, as sementes das árvores dessa espécie se tornaram mudas, cresceram e viraram árvores adultas e passaram a dar maçã. O que você acha que mudaria no entendimento das pessoas caso acontecesse uma coisa diferente a cada semente, por exemplo, que uma crescesse e virasse uma muda totalmente vermelha, e que depois caísse no chão e saísse rastejando; ou até mesmo que a semente, ao invés de se desenvolver numa muda, o fizesse numa lança de metal que crescesse infinitamente na vertical? Por que essas ideias parecem absurdas?
4) Por que, para Hume, o entendimento humano se deixa acreditar que as coisas sucedem umas das outras? Por que acreditamos, por exemplo, que se atirarmos uma pedra no ar ela cairá, ou que se jogarmos uma centelha de fogo num balde de álcool haverá uma combustão?
5) “Os seres humanos são completamente diferentes entre si”. O que Hume diria de tal afirmação?
6) Hume acredita que há alguma relação de causa e efeito na natureza humana? Qual a diferença, pra ele, entre a natureza humana e as leis gerais da física que operam os demais corpos do mundo?
7) Admitindo a ideia de causa-efeito na natureza, todo homem agirá de mesmo modo em situações do mesmo tipo? Justifique sua resposta.
8) Como o filósofo aborda ações que aparentam não ter causa alguma? Qual a diferença para o não-filósofo?
9) Por que Hume diz que não haveria possibilidade de fazer qualquer tipo de ciência sem se assumir a doutrina da necessidade?
10) “Assim como sei que ao atear fogo numa árvore ela se consumirá inteiramente, também sei que se deixar uma bolsa com dinheiro numa manhã qualquer na rua mais movimentada de Londres, à noite do mesmo dia não haverá nem bolsa nem dinheiro, pois alguém a terá roubado”. O que Hume diria desta frase?
11) Qual é a ideia de liberdade para Hume? Como essa ideia coexiste com a ideia de necessidade?
12) Como funciona a relação entre as ideias de responsabilidade moral e necessidade em Hume? Em outras palavras, como alguém pode ser culpado por qualquer coisa que faça uma vez que se está submisso à necessidade?
Questões de vestibular:
Os trechos abaixo servirão como base para as questões 01, 02 e 03.
Reconhecemos [...] uma uniformidade nas ações e motivações humanas de forma tão pronta e universal como o fazemos no caso da operação dos corpos (p. 379).
Parece [...] não apenas que a conjunção entre motivos e ações voluntárias é tão regular e uniforme como a que existe entre a causa e o efeito de qualquer parte da natureza, mas também que essa conjunção regular tem sido universalmente reconhecida pela humanidade [...] (p. 384).
[...] Quando consideramos quão adequadamente se ligam as evidências natural e moral, formando uma única cadeia de argumentos, não hesitaremos em admitir que elas são da mesma natureza e derivam dos mesmos princípios. Um prisioneiro [...] quando levado ao cadafalso, prevê com tanta certeza sua morte tanto a partir da constância e fidelidade de seus guardas quanto da operação do machado ou da roda. Sua mente percorre uma certa sequência de ideias: a recusa dos soldados em consentir na sua fuga, a ação do carrasco, a cabeça separando-se do corpo, a hemorragia, os movimentos convulsivos e a morte. Eis aqui um encadeamento de
causas naturais e ações voluntárias, mas a mente não sente nenhuma diferença entre elas ao passar de um elo para outro, nem está menos certa do futuro resultado do que estaria se ele se conectasse a objetos presentes à sua memória ou sentidos por uma sequência de causas cimentadas pelo que nos apraz chamar uma necessidade física (p. 385-6).
[...] Um homem que ao meio-dia deixe sua bolsa recheada de ouro na calçada de Charing Cross [uma movimentada rua de Londres] pode tão bem esperar que ela voe longe como uma pena como que a encontrará intacta uma hora mais tarde. Mais da metade dos raciocínios humanos contêm inferências de natureza semelhante, acompanhadas de maiores ou menores graus de certeza, em proporção à experiência que temos da conduta costumeira dos homens (p. 386-7).
[...] Logo que nos convencemos de que tudo o que sabemos acerca de qualquer tipo de causação é simplesmente a conjunção constante de objetos e a consequente inferência de um ao outro realizada pela mente, e descobrimos que todos admitem
universalmente que essas duas condições ocorrem nas ações voluntárias, reconhecemos talvez mais facilmente que essa mesma necessidade é comum a todas as causas (p. 387).
(Hume, David. “Da liberdade e necessidade. Uma investigação sobre o entendimento humano”, seção 8. In: Antologia de textos filosóficos. Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 2009.)
01 (UFPR 2015) - O que o autor entende nessa passagem por “evidência natural”? O que ele entende por “evidência moral”? O que, segundo ele, tais tipos de evidências têm em comum?
02 (UFPR 2015) - O que são, segundo Hume, raciocínios causais ou causação?
03 (UFPR 2015) - Hume pretende mostrar com seus exemplos que os homens comuns de fato aceitam a doutrina da necessidade da conduta humana, contrariamente ao que afirmam certos filósofos, quando dizem que o homem é dotado de uma vontade livre. Explique como os exemplos servem para mostrar que os homens entendem que a conduta humana é necessária e que a vontade não é livre.
A humanidade é tão semelhante em todas as épocas e lugares que a história não nos revela nada de novo ou estranho nesse aspecto. Sua principal utilidade é apenas revelar os princípios constantes e universais da natureza humana, mostrando os homens em todas as variedades de circunstâncias e situações e fornecendo materiais a partir dos quais podemos ordenar nossas observações e familiarizar-nos com os motivos regulares da ação e do comportamento humano.
(Hume, D. Uma Investigação sobre o entendimento humano, seção 8, In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 379.)
04 (UFPR 2016) - De acordo com David Hume em “Uma Investigação sobre o entendimento humano”, seção 8, é possível fazer uma ciência da ação e do comportamento humano? Por quê?
O que se entende por liberdade quando esse termo é aplicado às ações voluntárias? Com certeza não estamos querendo dizer que as ações tenham tão pouca conexão com motivos, inclinações e circunstâncias que não se sigam deles com certo grau de uniformidade, e que estes não apoiem nenhuma inferência que nos permita concluir a ocorrência daquelas, pois tais fatos são simples e bem conhecidos. Por liberdade, então, só podemos entender um poder de agir ou não agir de acordo com as determinações da vontade; ou seja, se escolhermos ficar parados, podemos ficar assim, e se escolhemos nos mover, também podemos fazê-lo. (...) Qualquer que seja a definição que se dê de liberdade, devemos ter o cuidado de observar duas condições necessárias: primeiro, que essa definição seja consistente com os fatos; segundo, que seja consistente consigo mesma.
(HUME, D. Uma Investigação sobre o entendimento humano, seção 8, In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de
Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 390.)
05 (UFPR 2016) - De acordo com Hume, em “Uma Investigação sobre o entendimento humano”, seção 8, qual seria a boa definição de liberdade? Quais razões ele aponta para defender essa definição?
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